No último dia 30 de julho, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou e confirmou a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros — salvo exceção de produtos, como café, suco de laranja, petróleo, gás natural, aeronaves civis e outros. A medida que foi anunciada no começo de Julho, com evidente motivação política e comercial, causou apreensão entre os exportadores brasileiros.
Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), de 28 de julho, o Brasil manteve superávit na balança comercial de janeiro a julho deste ano — ou seja, exportou mais do que importou. Contudo, a nova taxação ameaça diretamente esse desempenho positivo, tornando os produtos brasileiros 50% mais caros no mercado americano.
A reação foi imediata. Empresas que já exportam para os EUA registraram cancelamentos de pedidos, contêineres retidos em portos e estoques represados. A incerteza traz impactos diretos: redução no volume
exportado, queda na produção e risco de desemprego no setor industrial. Caso a medida se prolongue e não haja acordo diplomático, o Brasil poderá ver seu superávit comercial encolher e perder fôlego econômico.
É importante lembrar que, no mundo globalizado, as economias são interdependentes— seja na circulação de bens, no intercâmbio de pessoas. Especialistas têm orientado as empresas afetadas a buscarem novos mercados compradores. Embora válida, essa estratégia exige tempo e planejamento: é preciso identificar o país ideal, estudar seu mercado, ajustar preços, cumprir exigências regulatórias e conquistar a confiança do consumidor local.
Por isso, a saída mais urgente e estratégica, neste momento, é intensificar os esforços diplomáticos. O Brasil deve manter o diálogo com o governo americano para tentar reverter ou, ao menos, mitigar os efeitos da tarifa. No curto prazo, ainda somos altamente dependentes das exportações para os Estados Unidos — e esse tarifaço pode causar danos significativos às indústrias e à economia nacional.
Vanessa Ibiapina é advogada especialista em Direito Aduaneiro e Sócia do escritório comexjus
Fonte: O Otimista




